O currículo do cinema, como dispositivo de subjetivação na formação docente: Que currículos nos formam? Que subjetividades produzem? Como produzem? Essas são questões que profissionalmente nos tem mobilizado como pesquisadoras e formadoras de professores. Entendendo currículo como dispositivo de subjetivação interessa-nos discutir neste texto acerca de outros currículos, outras instâncias culturais que, para além da escola, formam, subjetivam, domesticam modos de ver e viver a docência no mundo contemporâneo. Dentre essas instâncias culturais, problematizamos a produtividade da mídia, particularmente o cinema, na constituição da docência. Isso porque entendemos que no contexto atual os meios de comunicação consistem não só em espaço de lazer ou fruição, mas, sobretudo, operam como poderosas máquinas de produção e circulação de idéias, valores, sentidos e significados sobre como ser estudante, criança, adolescente, bom ou mau professor, por exemplo, constituindo-se, assim, em agente formador paralelamente às demais instituições, declaradamente, formadoras. Como agente formador, o cinema tem seu campo de ação ampliado na medida em que faz proliferar sentidos, seduz, ativa desejos, convida à identificações, convoca a assumir posições discursivas que acabam por fabricar realidades, naturalizar condutas produzindo a um só tempo o vidente e as coisas visíveis. No aspecto particular da docência, a filmografia contemporânea é rica na apresentação e sugestão de modelos de professores que acabam por demarcar papéis, delimitar e classificar atitudes louváveis ou deploráveis em relação à docência. Tais modelos educam o olhar persuadindo a acreditar na existência da figura do bom ou mau professor per se, desconectado de seu contexto de atuação profissional, transcendendo suas condições objetivas de trabalho. Trabalhar sobre essas construções imagéticas possibilita desconstruir roteiros, exercitar a produção de novas montagens que escapem à sedução de um pretenso padrão estável e desejável de ser professor, abrindo espaço para que o múltiplo se faça e a criatividade floresça. Por fim, ao problematizar o cinema como dispositivo de subjetivação, o texto sugere a necessidade de tomarmos a mídia como importante objeto de atenção e estudo no âmbito da formação

Mancino, E., Nogueira Chaves, S. (2012). Dispositivo de subjectivaçao docente: o curricolo do cinema. In Revisitar os estudos curricolares (pp.754-762). Lisbona : AFIRSE.

Dispositivo de subjectivaçao docente: o curricolo do cinema

MANCINO, EMANUELA;
2012

Abstract

O currículo do cinema, como dispositivo de subjetivação na formação docente: Que currículos nos formam? Que subjetividades produzem? Como produzem? Essas são questões que profissionalmente nos tem mobilizado como pesquisadoras e formadoras de professores. Entendendo currículo como dispositivo de subjetivação interessa-nos discutir neste texto acerca de outros currículos, outras instâncias culturais que, para além da escola, formam, subjetivam, domesticam modos de ver e viver a docência no mundo contemporâneo. Dentre essas instâncias culturais, problematizamos a produtividade da mídia, particularmente o cinema, na constituição da docência. Isso porque entendemos que no contexto atual os meios de comunicação consistem não só em espaço de lazer ou fruição, mas, sobretudo, operam como poderosas máquinas de produção e circulação de idéias, valores, sentidos e significados sobre como ser estudante, criança, adolescente, bom ou mau professor, por exemplo, constituindo-se, assim, em agente formador paralelamente às demais instituições, declaradamente, formadoras. Como agente formador, o cinema tem seu campo de ação ampliado na medida em que faz proliferar sentidos, seduz, ativa desejos, convida à identificações, convoca a assumir posições discursivas que acabam por fabricar realidades, naturalizar condutas produzindo a um só tempo o vidente e as coisas visíveis. No aspecto particular da docência, a filmografia contemporânea é rica na apresentação e sugestão de modelos de professores que acabam por demarcar papéis, delimitar e classificar atitudes louváveis ou deploráveis em relação à docência. Tais modelos educam o olhar persuadindo a acreditar na existência da figura do bom ou mau professor per se, desconectado de seu contexto de atuação profissional, transcendendo suas condições objetivas de trabalho. Trabalhar sobre essas construções imagéticas possibilita desconstruir roteiros, exercitar a produção de novas montagens que escapem à sedução de um pretenso padrão estável e desejável de ser professor, abrindo espaço para que o múltiplo se faça e a criatividade floresça. Por fim, ao problematizar o cinema como dispositivo de subjetivação, o texto sugere a necessidade de tomarmos a mídia como importante objeto de atenção e estudo no âmbito da formação
paper
Mots-clés : Formation des enseignants ; Curricula ; Dispositif de subjectivation, Cinéma; Imaginaire
Portuguese
Revisitar os estudos curricolares: onde estamos para onde vamos?
2012
Revisitar os estudos curricolares
978-98-9827-2140
2012
754
762
none
Mancino, E., Nogueira Chaves, S. (2012). Dispositivo de subjectivaçao docente: o curricolo do cinema. In Revisitar os estudos curricolares (pp.754-762). Lisbona : AFIRSE.
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